Um funcionário do Itamaraty foi afastado de suas funções após sugerir o uso de violência contra indígenas que participariam de uma marcha em Brasília na última quinta-feira. A declaração polêmica ocorreu durante uma reunião organizada pelo governo do Distrito Federal para discutir medidas de segurança para o Acampamento Terra Livre (ATL).

A reunião, realizada de forma híbrida no dia anterior à manifestação, tinha como objetivo coordenar a segurança do evento. No entanto, a discussão tomou um rumo controverso quando um participante, identificado posteriormente como Aldegundes Batista Miranda, propôs “meter o cacete” nos manifestantes caso houvesse desordem.

A Polícia Legislativa utilizou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os indígenas que se aproximavam do Congresso Nacional durante o protesto. O incidente gerou indignação e levanta questionamentos sobre a proporcionalidade da resposta das autoridades.

O Itamaraty repudiou veementemente a declaração do funcionário e o destituiu da função administrativa que ocupava no Setor de Proteção a Pessoas e ao Patrimônio. “O caso foi remetido à Corregedoria do Ministério das Relações Exteriores para apuração de responsabilidade”, informou o ministério em nota oficial.

Em defesa, Aldegundes Miranda negou ter se referido aos indígenas e alegou que sua declaração se aplicava a qualquer pessoa que causasse desordem, independentemente de sua etnia. “Em nenhum momento eu me referi aos indígenas, penso que qualquer pessoa que fizer baderna a polícia tem que meter o cacete para defender o patrimônio”, afirmou ao jornal *Folha de S.Paulo*.

A manifestação em Brasília faz parte do Acampamento Terra Livre, que reúne milhares de indígenas de diversas etnias para pressionar o governo e o Congresso pela demarcação de terras e a proteção de seus direitos. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) solicitou ao Ministério Público Federal a investigação da ação policial contra os manifestantes.

Fonte: http://www.revistaoeste.com