O Vaticano decretou a extinção do Sodalício de Vida Cristã, um movimento católico fundado no Peru na década de 1970 e presente em diversos países da América Latina. A decisão, anunciada na última segunda-feira, marca o fim de uma era para a organização, que enfrentava graves acusações. O decreto de supressão foi assinado em Roma, selando o destino do Sodalício.
A medida drástica foi motivada por uma série de denúncias de corrupção e abusos de diversas naturezas, incluindo abuso físico, psicológico e sexual. As acusações recaem sobre membros da entidade, inclusive seu fundador, Luis Fernando Figari, que foi expulso em agosto de 2024. As investigações internas e as denúncias de ex-integrantes foram cruciais para a decisão.
As primeiras denúncias vieram à tona nos anos 2000, com ex-membros relatando os horrores vividos nas comunidades do Sodalício. Em 2015, um livro-reportagem detalhou os depoimentos das vítimas, intensificando as investigações tanto no Peru quanto no Vaticano. O Papa Francisco chegou a se encontrar com os autores do livro, que relataram as ameaças sofridas.
“Metade monges, metade soldados”, o livro que expôs os abusos, revela um esquema meticuloso para ganhar a confiança de adolescentes e levá-los ao abuso. A denúncia descreve um processo de sedução e convencimento, com apelo à autoridade espiritual e à obediência. As vítimas relatam um esforço interno para proteger o fundador e “esconder a verdade do assunto de qualquer maneira possível”.
O Sodalício chegou ao Brasil em 1986, expandindo-se para o Rio de Janeiro, Petrópolis e São Paulo. Além do trabalho paroquial, o movimento criou o Movimento de Vida Cristã e a associação Solidariedade em Marcha (Somar), que promove o desenvolvimento humano em regiões vulneráveis. O futuro dessas iniciativas no Brasil é incerto após a dissolução do Sodalício.
Fonte: http://revistaoeste.com
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