A autoproclamada defesa do liberalismo por parte do presidente Lula, especialmente ao lado da China, já causa estranheza. No entanto, a recente projeção internacional do Ministro Alexandre de Moraes adiciona uma nova camada à essa discussão, levantando questionamentos sobre sua autodefinição e o papel que ele desempenha no cenário político brasileiro.
Recentemente, Moraes foi alvo de um perfil detalhado na revista *New Yorker*, intitulado *The Brazilian Judge Taking on the Digital Far Right*. A matéria o retrata como um combatente contra o extremismo, atraindo a atenção de figuras como Donald Trump, Jair Bolsonaro e Elon Musk. Esse destaque midiático oferece uma oportunidade para analisar a percepção do próprio ministro sobre sua atuação na vida pública.
Moraes argumenta que o Brasil tem sido vítima de um “abuso da liberdade de expressão” por uma suposta coalizão internacional de extremistas de direita. Ele aponta o bolsonarismo como a face nacional mais visível desse movimento, que teria explorado o poder da internet e dos algoritmos das redes sociais para disseminar suas agendas.
Em uma declaração polêmica, Moraes chegou a afirmar que os nazistas, se tivessem a oportunidade, usariam o X (antigo Twitter) para dominar o mundo. Ele sustenta que esses grupos teriam pervertido o conceito de “liberdade” para promover seus objetivos golpistas e autoritários. O ministro reafirma sua convicção na necessidade de uma repressão firme contra crimes, defendendo que as violações à lei devem ter consequências claras.
Curiosamente, em contraste com a *New Yorker*, a revista *The Economist* publicou uma matéria intitulada *The Judge Who Would Rule the Internet*, adotando um tom mais cauteloso em relação ao poder exercido por Moraes. A revista inglesa relata que o ministro se considera um “liberal clássico”, defensor de um governo republicano e um papel limitado do Estado na economia.
A *Economist* sugere que a discordância de Moraes com o bolsonarismo seria de ordem “pessoal”, citando uma declaração atribuída ao ministro: “As pessoas estão começando a perceber que não adianta muito me ameaçar. Elas só vão perder tempo — ou vão para a cadeia”. A reportagem também menciona um intelectual de esquerda que, embora não identificado, expressa preocupação com o potencial autoritário de figuras que, mesmo combatendo adversários políticos, podem se voltar contra outros no futuro.
As ações de Moraes no STF, marcadas pela repressão de liberdades individuais e pela concentração de poder, parecem contradizer os princípios do liberalismo clássico, conforme defendido por pensadores como John Locke e Montesquieu. A controvérsia expõe a complexidade do cenário político brasileiro e levanta questões sobre o papel do Judiciário na defesa da democracia e das liberdades individuais.
Fonte: http://www.revistaoeste.com
Responder