Enquanto o mundo acompanha os passos do Papa Francisco no Vaticano, uma pequena cidade na Espanha desafia a autoridade papal romana. El Palmar de Troya, próxima a Sevilha, abriga a sede da Igreja Cristã Palmariana dos Carmelitas da Santa Face, um grupo religioso que elege seu próprio sumo pontífice.

Para os fiéis palmarianos, o último Papa legítimo de Roma foi Paulo VI. Eles acreditam que, após a morte deste, em 1978, Jesus Cristo ordenou a transferência da sede da Igreja Católica para o chamado “Vaticano Espanhol”. Essa crença peculiar deu origem a uma linhagem de papas paralela à da Igreja Católica Apostólica Romana.

O primeiro líder dessa igreja dissidente foi Clemente Domínguez y Gómez, um vidente que passou a ser conhecido como Gregório XVII. Antes de ascender ao papado palmariano, Clemente alegava ter visões com figuras como a Virgem Maria e o próprio Paulo VI. Ele chegou a afirmar que o Papa romano estava preso e substituído por um impostor.

Desde a morte de Gregório XVII em 2005, outros três homens ocuparam o trono papal em El Palmar de Troya. Curiosamente, um deles, Gregório XVIII, renunciou ao cargo em 2018, alegando que tudo não passava de uma farsa. A Igreja Palmariana, no entanto, segue existindo com seus próprios dogmas e seguidores.

Apesar de sua trajetória incomum, Clemente Domínguez y Gómez recebeu a ordenação de bispo em 1976 pelas mãos de Dom Pierre Martin Ngô Đình Thục, um arcebispo legítimo da Igreja Católica Romana. Esse fato adiciona uma camada extra de complexidade a essa história de fé, cisma e, para alguns, excentricidade.

Fonte: http://revistaoeste.com