Com o falecimento do Papa Francisco, o Vaticano se volta para um novo capítulo, iniciando o processo de seleção de seu sucessor. Durante este período de transição, o Colégio dos Cardeais assume a responsabilidade de governar a Igreja, embora com poderes limitados a decisões urgentes e essenciais.

O processo de escolha do novo Papa, conhecido como Conclave, é encarado pela Igreja Católica como um momento de intensa espiritualidade. Os cardeais se reúnem em oração e reflexão, buscando a orientação do Espírito Santo para guiar sua decisão na eleição do novo líder da Igreja.

A Igreja acredita que, embora a decisão final seja tomada por homens, ela ocorre sob a influência divina. Espera-se que o Conclave comece entre 15 e 20 dias após a morte do Papa, com 135 cardeais com menos de 80 anos elegíveis para votar, incluindo sete representantes brasileiros.

As apostas já começaram e alguns nomes despontam como possíveis sucessores. Este artigo explora alguns dos principais cardeais cotados para assumir o papado, apresentando suas visões, trajetórias e possíveis impactos em um futuro da Igreja Católica.

**Jean-Marc Aveline: O Favorito Francês**
O cardeal Jean-Marc Aveline, da França, emerge como um dos principais candidatos. Sua proximidade com o legado de Francisco, especialmente em temas como imigração e diálogo interreligioso, o torna um nome forte para a sucessão.

“Sob a orientação de Francisco, Aveline avançou rapidamente”, observa um analista do Vaticano. Sua ascensão meteórica, de bispo em 2013 a cardeal em 2022, demonstra a confiança depositada nele. Se eleito, seria o primeiro Papa francês desde o século XIV.

**Peter Erdo: O Pragmatismo Húngaro**
O cardeal húngaro Peter Erdo, especialista em direito canônico, representa uma ala mais pragmática da Igreja. Com um discurso teológico mais conservador, Erdo defende as raízes cristãs da Europa e busca evitar confrontos diretos com outras correntes.

Embora tenha divergido de Francisco em relação à crise migratória de 2015, opondo-se ao acolhimento de refugiados, Erdo continua sendo um nome viável para setores que buscam maior contenção doutrinária. Sua experiência e conhecimento o credenciam para o cargo.

**Mario Grech: A Abertura Pastoral**
O cardeal maltês Mario Grech, responsável pelo Sínodo dos Bispos, personifica a abertura pastoral da Igreja. Nomeado por Francisco, Grech passou a defender o acolhimento a diferentes modelos de famílias e membros da comunidade LGBT+, demonstrando uma evolução em seu posicionamento.

Sua mudança de postura foi bem recebida no Vaticano, com o próprio Papa elogiando-o publicamente. Aos 68 anos, Grech pode representar uma continuidade das reformas iniciadas por Francisco, consolidando uma igreja mais inclusiva.

**Juan José Omella: A Justiça Social Espanhola**
O cardeal espanhol Juan José Omella dedicou sua carreira ao serviço dos mais necessitados. Com experiência como missionário na África e atuação em diversas campanhas sociais, Omella personifica o catolicismo voltado à justiça social.

Sua promoção a cardeal em 2016 reflete o reconhecimento de seu trabalho e sua coerência com a visão social do atual pontificado. Omella é visto como um líder discreto, mas com um forte compromisso com os mais vulneráveis.

**Pietro Parolin: A Diplomacia Vaticana**
O italiano Pietro Parolin, atual Secretário de Estado, é considerado o “vice-papa” na hierarquia do Vaticano. Com uma longa carreira na diplomacia, Parolin participou de negociações delicadas com China, Vietnã e Venezuela.

Embora seja considerado moderado em debates culturais, já se manifestou crítico a leis de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Sua candidatura representa uma busca por estabilidade institucional, atraindo apoio de setores mais conservadores.

**Luis Antonio Tagle: A Voz da Ásia**
O cardeal filipino Luis Antonio Tagle, apelidado de “Francisco Asiático”, representa o avanço da Igreja no continente. Sua dedicação à justiça social e seu perfil pastoral o tornam um nome popular entre setores missionários e progressistas.

Sua origem filipina e ascendência chinesa reforçam seu apelo em uma região onde o catolicismo continua a crescer. Se eleito, Tagle seria o primeiro Papa asiático da história, representando uma importante mudança de paradigma.

**Joseph Tobin: Quebrando Paradigmas nos EUA**
O cardeal americano Joseph Tobin, arcebispo de Newark, ganhou destaque pela forma como lidou com escândalos de abuso sexual envolvendo a Igreja. Sua postura transparente e seus acordos com vítimas lhe renderam respeito.

Tobin, que já se declarou alcoólatra em recuperação, defende maior abertura à comunidade LGBT+. Sua eleição representaria uma quebra de padrões e um sinal de renovação para a Igreja.

**Peter Turkson: A África no Centro do Vaticano**
O cardeal ganês Peter Turkson, um dos nomes mais experientes do Vaticano, possui um histórico de atuação em debates sobre justiça social, meio ambiente e economia global. Sua eleição seria histórica, tornando-se o primeiro Papa da África Subsaariana.

Sua trajetória atrai simpatia de quem deseja descentralizar o poder do Vaticano e dar maior voz às regiões periféricas. Turkson representa a diversidade e a vitalidade do catolicismo africano.

**Matteo Zuppi: O “Bergoglio Italiano”**
O cardeal italiano Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha, é frequentemente comparado a Francisco, sendo chamado de “Bergoglio italiano”. Sua proximidade com migrantes e pobres o identifica com a ala pastoral mais alinhada ao Papa falecido.

Sua eleição representaria uma continuidade do legado de Francisco, embora enfrente resistência de setores mais conservadores. Zuppi é visto como um símbolo de esperança para uma Igreja mais humana e acolhedora.

**Raymond Leo Burke: O Guardião da Tradição**
O cardeal americano Raymond Leo Burke personifica a ala mais conservadora da Igreja. Defensor da tradição católica e da clareza doutrinária, Burke critica o avanço de interpretações pastorais que, em sua visão, ameaçam os fundamentos da fé.

Burke propõe uma Igreja centrada nos sacramentos e fiel às verdades perenes do magistério. Sua eleição representaria um retorno a um catolicismo mais tradicional e um freio nas reformas iniciadas por Francisco.

O Conclave se aproxima, e o mundo aguarda para ver qual destes cardeais, ou outro nome ainda não tão evidente, será escolhido para liderar a Igreja Católica em um momento crucial de sua história. A decisão dos cardeais moldará o futuro do catolicismo e seu papel no mundo.

Fonte: http://revistaoeste.com