Em um cenário político boliviano cada vez mais polarizado, o ex-presidente Evo Morales reafirmou, no último sábado, sua intenção de concorrer à presidência nas eleições de 17 de agosto. O anúncio foi feito durante um comício em Entre Ríos, Cochabamba, marcando mais um capítulo na conturbada trajetória política do líder cocalero.

Morales, que já havia expressado seu desejo de retornar ao poder em março, aproveitou o evento para criticar seus opositores e demonstrar confiança na vitória. “Estamos convencidos de que venceremos as eleições deste ano, e é por isso que eles têm tanto medo de nós, tanta raiva e tanta difamação”, declarou, buscando galvanizar o apoio de seus seguidores.

O comício, realizado em uma região conhecida pela produção de coca, reuniu uma massa de apoiadores fervorosos. No entanto, a ausência de figuras importantes, como Andrónico Rodríguez, presidente do Senado e aliado próximo de Morales, não passou despercebida, gerando críticas e questionamentos.

Após sua saída do Movimento ao Socialismo (MAS), Morales fundou o grupo político *Evo Pueblo*, buscando um novo caminho para viabilizar sua candidatura. Apesar de não ter revelado o partido pelo qual pretende concorrer, ele garantiu que estará presente nas eleições, desafiando as incertezas legais e políticas que o cercam.

Além das disputas políticas, Morales enfrenta investigações do Ministério Público da Bolívia, que o acusa de tráfico de pessoas agravado, em um caso relacionado a um suposto relacionamento com uma menor em 2016. Embora um mandado de prisão tenha sido emitido, ele permanece em Cochabamba, protegido por seus apoiadores.

A crise política de 2019, que culminou na renúncia e exílio de Morales, deixou cicatrizes profundas no MAS, expondo divisões internas que persistem até hoje. O distanciamento entre Morales e o atual presidente, Luis Arce, aliado de Grover García, aprofunda ainda mais a cisão, especialmente em relação à disputa pela candidatura presidencial.

Paralelamente à turbulência política, a Bolívia enfrenta desafios econômicos significativos, como alta inflação e a escassez de reservas cambiais. Esses problemas impactam a capacidade do país de importar combustíveis e honrar dívidas, agravando a instabilidade e incerteza no cenário nacional.

Fonte: http://revistaoeste.com