O Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza, enfrenta uma severa crise financeira que o impede de manter seus pagamentos regulares, segundo reportagem do *The Wall Street Journal* publicada nesta quarta-feira. A situação, agravada por medidas israelenses e desvios de recursos, expõe a vulnerabilidade do grupo em meio ao conflito prolongado.
As dificuldades financeiras se intensificaram após Israel interromper o fluxo de suprimentos humanitários, que eram frequentemente desviados e vendidos pelo Hamas para gerar receita. Além disso, ataques israelenses direcionados a oficiais do grupo responsáveis pela distribuição de dinheiro desestabilizaram ainda mais suas operações financeiras, forçando muitos a se esconder.
Fontes árabes, israelenses e ocidentais consultadas pelo *WSJ* confirmaram o impacto das ações israelenses, que incluíram a eliminação de um doleiro crucial para o financiamento do grupo e de membros de alto escalão. Como consequência, muitos funcionários do governo em Gaza tiveram seus salários suspensos, e combatentes do Hamas receberam apenas metade de seus salários durante o Ramadã.
A crise se reflete nos salários dos combatentes de base, que variam entre US$ 200 e US$ 300 mensais, evidenciando a deterioração da capacidade financeira do Hamas. Eyal Ofer, especialista na economia de Gaza, observou ao *WSJ* que, “mesmo que tenham grandes quantias, a distribuição é limitada”, devido às ações israelenses que visam métodos tradicionais de pagamento.
Antes do conflito, o Hamas recebia cerca de US$ 15 milhões mensais do Catar e levantava fundos em outras regiões, acumulando uma fortuna estimada em US$ 500 milhões, grande parte alocada na Turquia. No entanto, as restrições impostas por Israel à transferência de dinheiro físico para Gaza após o início da guerra forçaram o grupo a buscar alternativas para contornar as limitações.
Inicialmente, o Hamas desviou cerca de US$ 180 milhões de agências do Banco da Palestina e passou a taxar comerciantes, cobrar taxas alfandegárias e confiscar mercadorias para revenda. Apesar dessas medidas, a crise de liquidez persistiu, aliviada temporariamente por um cessar-fogo em janeiro que permitiu a entrada de ajuda e o reabastecimento dos cofres do grupo.
Contudo, o bloqueio das fronteiras de Gaza para suprimentos humanitários em março intensificou a crise financeira, levando organizações humanitárias a alertarem para o risco de fome extrema na região. Em contrapartida, Israel afirma que o bloqueio tem como objetivo enfraquecer o controle do Hamas, e o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou planos para distribuir ajuda por meio de parceiros civis.
Moumen Al-Natour, advogado palestino de Gaza e membro da oposição ao Hamas, destaca que muitos funcionários públicos afiliados ao grupo dependiam da venda de ajuda humanitária no mercado negro para complementar seus salários. A situação expõe a complexidade da crise humanitária em Gaza e os desafios enfrentados pelo Hamas em manter suas operações.
Fonte: http://revistaoeste.com
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