O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a cerimônia de lançamento das obras de duplicação da Serra das Araras, na Rodovia Presidente Dutra, para defender o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em seu discurso, Lula afirmou que as investigações sobre a instituição não encontraram irregularidades, rebatendo as acusações de gestões anteriores. O evento, realizado nesta terça-feira, 15, contou com a presença de ministros, parlamentares e representantes do setor privado.
“Passaram dois anos falando bobagem e depois foram obrigados a pedir desculpa porque não encontraram nada no BNDES”, declarou Lula, referindo-se às críticas e investigações sobre supostos desvios na instituição. Ele enfatizou a competência dos técnicos do banco e negou qualquer interferência política na gestão. A fala do presidente ocorreu em meio a discussões sobre o papel do BNDES no financiamento de grandes projetos de infraestrutura no país.
O presidente destacou a importância do BNDES na estruturação financeira do projeto da rodovia, que conta com um investimento total de R$ 15 bilhões. Segundo Lula, o financiamento é baseado na emissão de debêntures. Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, descreveu o modelo como o maior financiamento rodoviário da história do país, viabilizando a obra sem comprometer o endividamento das empresas.
Lula também criticou a paralisação de projetos anteriores, afirmando ter encontrado 87 mil unidades habitacionais e mais de 3 mil creches paralisadas ao reassumir a presidência. “Essa irresponsabilidade administrativa não vai acontecer mais no país”, prometeu o presidente. Ele associou a retomada dessas obras a uma estratégia para impulsionar a economia, gerando emprego, crescimento econômico e consumo interno.
O projeto de duplicação da Serra das Araras, parte de um pacote maior de intervenções na Rodovia Presidente Dutra, prevê a construção de 24 viadutos, duplicação de pistas, iluminação com LED e cobertura de conectividade 5G. A expectativa é que a obra melhore o tráfego entre São Paulo e Rio de Janeiro, reduzindo acidentes e tempo de viagem. A cerimônia integrou a agenda de acompanhamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), reformulado na atual gestão.
Para contextualizar a defesa do BNDES, vale ressaltar que a expressão “caixa-preta do BNDES” se refere a um período de contratos e decisões mantidas sob sigilo, envolvendo operações financeiras de grande porte com pouca transparência. Durante esse período, empréstimos bilionários foram concedidos sem fiscalização adequada, beneficiando grandes grupos empresariais e governos estrangeiros aliados. Casos como o financiamento do Porto de Mariel, em Cuba, e a construção de linhas de metrô em Caracas, geraram grande controvérsia.
Críticos apontam que o BNDES concentrou recursos em poucos beneficiários, como a Odebrecht, que respondeu por 78% dos contratos de exportação de engenharia entre 2007 e 2015. Além disso, foram encontradas falhas nos controles internos e desorganização documental. A auditoria em certos contratos era feita por empresas escolhidas pelas construtoras beneficiadas, comprometendo a fiscalização. Operações com empresas ligadas a interesses políticos também levantaram questionamentos.
Fonte: http://www.revistaoeste.com
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