O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) manifestou forte oposição à decisão do governo Lula de conceder asilo político à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia. A crítica surge em meio à condenação de Heredia a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, um caso que ganhou destaque na imprensa internacional. Para Mourão, a ação configura um “claro uso político e indevido” de um instrumento diplomático crucial.

Em entrevista à Revista Oeste, o senador foi incisivo ao afirmar que a medida busca proteger uma pessoa já considerada culpada, respaldada por um conjunto robusto de evidências materiais. “Na minha visão, a concessão do asilo político para Nadine Heredia, condenada em seu país em um caso de corrupção transnacional ocorrida durante outros governos do PT, é errada”, declarou o general da reserva, reforçando sua posição contrária.

Mourão argumenta que a decisão brasileira reflete uma tendência dos governos petistas de se associarem a casos controversos de corrupção na América Latina. Ele enxerga essa atitude como mais um capítulo do “alinhamento ideológico” que, segundo sua avaliação, tem prejudicado a reputação do Brasil no cenário internacional. A crítica se estende ao Ministério das Relações Exteriores, que, para o senador, estaria comprometendo sua tradição de profissionalismo em prol de ideologias consideradas ultrapassadas.

Ao ser questionado sobre o impacto da concessão de asilo na imagem do Brasil, Mourão foi enfático: o país se posiciona, mais uma vez, “do lado errado da história”. Ele traça um paralelo direto com o desmantelamento da Operação Lava Jato, sugerindo uma conexão entre a decisão de conceder asilo e o enfraquecimento do combate à corrupção no Brasil. “Sim, podemos considerar exatamente assim, porque esse é o caso, por isso enterraram a Lava Jato”, disse.

Além disso, o senador criticou o uso de aeronaves das Forças Armadas no transporte de Nadine Heredia até Brasília, questionando a justificativa e os custos envolvidos. “Teriam muitas outras possibilidades para trazê-la para Brasília. Quem vai pagar esse combustível? Óbvio que nós, contribuintes”, concluiu Mourão, levantando questionamentos sobre a transparência e o uso de recursos públicos na operação.

A justiça peruana condenou Nadine Heredia e seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. A decisão judicial detalha um esquema de ocultação de recursos ilícitos, envolvendo laranjas, movimentações financeiras atípicas e contratos de trabalho simulados, utilizados nas campanhas presidenciais de 2006 e 2011. Os fundos teriam origem na Venezuela e na construtora Odebrecht, conforme apurado pelas investigações.

O Ministério das Relações Exteriores do Peru informou que Nadine Heredia solicitou asilo diplomático na Embaixada do Brasil em Lima, alegando perseguição política. A Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual Brasil e Peru são signatários, permite a concessão de asilo em casos de perseguição política, mas proíbe o benefício a pessoas condenadas por crimes comuns, a menos que a motivação seja claramente política.

Fonte: http://www.revistaoeste.com