O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu sinal verde para que a Polícia Federal (PF) acesse dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) referentes a duas pessoas com foro privilegiado, no âmbito da Operação Overclean. A investigação apura supostos desvios em contratos milionários, financiados em parte por emendas parlamentares. A autorização é um passo crucial para aprofundar as investigações.

De acordo com informações divulgadas pelo site Metrópoles, a medida permite à PF rastrear o destino de um repasse de R$ 435 mil proveniente de uma empresa de José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo”. Moura movimentou um total de R$ 80,2 milhões em operações consideradas suspeitas. A empresa de Moura, MM Limpeza Urbana, realizou transações financeiras com uma autoridade com foro no Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou STF, sem justificativa aparente.

“A autorização para acessar informações do Coaf é adequadamente fundamentada, justificada e proporcional”, destacou Kassio Nunes Marques em sua decisão. Outro foco da investigação recai sobre Gabriel Mascarenhas Sobral, apontado como lobista. Relatórios do Coaf também identificaram transações suspeitas ligadas a Sobral. Devido ao foro privilegiado de alguns dos envolvidos, suas identidades permanecem sob sigilo.

A Operação Overclean investiga empresas ligadas aos irmãos Alex e Fabio Parente. Uma dessas empresas, a Allpha Pavimentações, recebeu R$ 67 milhões do governo federal entre 2021 e 2024, com pagamentos iniciados no governo de Jair Bolsonaro e continuados sob Luiz Inácio Lula da Silva. Os recursos tiveram origem no chamado orçamento secreto, conforme dados do Portal da Transparência.

A investigação avançou com a apreensão de materiais considerados “contabilidade clandestina” em um voo interceptado pela PF em dezembro de 2024. A primeira fase da Overclean foi deflagrada logo em seguida, ampliando o escopo inicial da apuração, que visava desvios no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. A decisão de Nunes Marques determina que o Coaf forneça à PF todos os detalhes das transações sob investigação.

Fonte: http://www.revistaoeste.com