Paulo Guedes foi escolhido pelo presidente de direita para reacender a economia brasileira após a pior recessão de sua história.

O ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, prometeu encerrar anos de fracassadas intervenções do Estado, por meio de grandes reformas de livre mercado, no governo do presidente Jair Bolsonaro.

Disse que a reforma da Previdência economizaria R$ 1 trilhão em 10 anos e que deverá ser aprovada “dentro de cinco meses”. As mudanças nas regras de aposentadoria brasileira, sempre descritas como “generosas” pelo veículo britânico, seriam seguidas rapidamente, de acordo com o ministro, por uma reforma tributária e por um programa radical de privatização em que não haverá vacas sagradas.

“Estamos indo em direção a uma economia voltada para o mercado”, disse o economista e professor de Matemática formado na Universidade de Chicago. “É parte de um processo econômico de melhoria. Qualquer um que não possa ver isso está interpretando mal o Brasil”. A vitória eleitoral de Bolsonaro, um ex-capitão do Exército que admira o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e elogiou a ditadura militar do Brasil, foi amplamente vista como parte da mudança global para o nacionalismo de direita e uma ameaça à democracia brasileira. Guedes insistiu que isso era uma má avaliação.

“É o contrário. Essa foi a minha mensagem em Davos”, disse ele. “O Brasil é uma democracia vibrante. A eleição de Bolsonaro mostrou isso”, continuou. Os desafios enfrentados pelo ministro incluem, segundo o FT, grande déficit fiscal, aumento da dívida pública, desemprego quase recorde que deixou cerca de 12 milhões de pessoas sem trabalho, baixa produtividade e uma recuperação econômica anêmica. No entanto, também pontuou o jornal, as contas externas estão amplamente equilibradas e as reservas externas estão em US$ 377 bilhões.

“Estamos criando uma sociedade popperiana aberta”, diz, citando uma das várias vezes em que se lembra do filósofo austríaco Karl Popper – que defendeu a democracia liberal dinâmica. “Se Bolsonaro é duro em suas maneiras, é apenas uma aparência. Ele será duro com os bandidos”, acrescentou. Popper também é um herói de George Soros, o filantropo liberal odiado por alguns dos etno-nacionalistas no séquito de Bolsonaro. “A ideologia é o verdadeiro inimigo”, diz ele. “Eu sou apenas um cientista fazendo o meu trabalho.” Guedes foi descrito pelo veículo britânico em sua versão online como, sem dúvida, o segundo homem mais poderoso do governo brasileiro, ao reunir cinco ministérios – Finanças, Comércio, Trabalho, Indústria e Desenvolvimento – em seu portfólio. Ele é certamente o mais ativo. Enquanto Bolsonaro se recupera de uma cirurgia, o novo governo tem sido perseguido por disputas: mais recentemente, o ministro conservador Ernesto Araújo buscou uma linha mais dura contra a Venezuela ante uma abordagem militar mais cautelosa apoiada pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão.

Foto: Divulgação/Internet/Valter Campanato / Agência Brasil / CP Memória