O hacker de Araraquara, Walter Delgatti está neste momento prestando depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Atos de 8 de Janeiro de 2023.

Enquanto era inquirido pelos parlamentares governistas, ele disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria lhe prometido indulto para assumir um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Segundo Delgatti, o pedido foi feito durante uma conversa por telefone com Bolsonaro, que o teria informado que agentes “de outro país” teriam conseguido grampear o ministro e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O hacker revelou essa informação foi divulgada pelo hacker nesta quinta-feira, 17 em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. O indulto significa o perdão da pena, efetivado mediante decreto presidencial.

Delgatti afirmou que não teve acesso ao grampo, mas que aceitou o pedido de Bolsonaro de assumir a responsabilidade pelo suposto equipamento usado para monitorar Moraes. “Ele disse que, em troca, eu teria o prometido indulto e ainda disse assim: caso alguém me prenda, eu [Bolsonaro] mando prender o juiz e deu risada”, revelou o hacker preso por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de outros tribunais.

O objetivo do ato, segundo Delgatti, era provocar alguma ação contra o ministro Alexandre de Moraes e forçar a realização de nova eleição com o chamado voto impresso, modalidade que foi negada pelo Congresso Nacional em 2021.

O hacker afirmouque foi procurado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) com a promessa de um emprego. A parlamentar nega as acusações de ilegalidades, mas afirma que aguarda acesso aos autos para se manifestar sobre todas as informações divulgadas.

Pela rede social X (antigo Twitter), Fábio Wajngarten, que foi chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro, afirma que “nunca houve grampo, nem qualquer atividade ilegal ou não republicana contra qualquer ente político do Brasil por parte do entorno primário do presidente”.

Hacker muda de atitude com questionamentos da direita

Na parte da tarde, ficou reservado para os deputados e senadores do espectro à direita questionarem as acusações de Delgatti feitas pela parte da manhã. Ele negou a responder perguntas do deputado Nicolas Ferreira (PL-MG), do deputado André Fernandes (PL-CE) – autor do pedido da CPMI e dos senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Marcos Rogério (PL-RO).

Todos esses parlamentares começaram apontar incongruências no depoimento de Delgatti feito na parte da manhã, onde acusou Bolsonaro e Zambelli de tentarem invadir o celular do ministro Alexandre de Moraes (STF), porém se apresentar provas.

O deputado André Fernandes (PL-CE) durante sua inquirição ao depoente, exibiu um vídeo onde Delgatti afirma ter votado em Lula nas últimas eleições de 2022.

Delgatti reservou-se no direito de ficar em silêncio a pedido dos seus advogados.