Ex-assessor afirma que o deputado federal André Janones tinha esquema de recursos para shows milionários

André Janones está sendo acusado por outros crimes, além da rachadinha já denunciada por um ex-assessor e que se tornou investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Desta vez, o esquema denunciado é que o parlamentar mantinha um esquema com shows milionários, sem licitação, em prefeitura comandada por aliada, na verdade sua ex-namorada. As novas informações são do ex-assessor que municiou a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) com informações que originaram a recente abertura de inquérito no STF.

Fabrício de Oliveira, o “X9” dos esquemas de Janones, comenta que ele está metido em falcatruas envolvendo shows milionários, contratados sem licitação pela prefeitura de Ituiutaba, seu reduto eleitoral no interior de Minas Gerais. O município é comandado pela prefeita Leandra Guedes, ex-assessora e ex-namorada de Janones. Ela também é apontada como peça-chave no esquema de rachadinha com os salários dos ex-assessores do deputado.

A denúncia sobre os esquemas dos shows já tinha sido denunciado e arquivado pela Procuradoria Geral da República (PGR), mas voltou à tona pois envolve os mesmos personagens das rachadinhas. A prefeita se manifestou negando as acusações, porém as investigações indicam “fortes indícios de desvio de erário público”, por meio de emendas parlamentares, sem transparência, destinadas por André Janones.

Artistas do quilate como Gusttavo Lima, Alok, Zezé Di Camargo & Luciano e Simone foram contratadas por valores milionários em eventos nos anos em Ituiutaba. Janones teria inundado a prefeitura de recursos via emendas no valor de R$ 58,4 milhões, que ajudaram o município a promover shows para lá de badalados.

Metade dos espaços dos shows era gratuito e outra parte era vendida como ingressos de “camarotes”, que daria um certo “retorno” ao “investimento” da prefeitura.

Em investigação jornalística do portal Metrópoles, foram descobertos que 76% das emendas a disposição de Janones foram enviadas para Ituiutaba, que tem pouco mais de 100 mil habitantes. Do total enviado, R$ 25 milhões foi por meio da “emenda Pix”, um mecanismo sem transparência e muito menos fiscalização que justamente já foi criticado pelo próprio Janones.

Eu não queria que existisse esse tipo de emenda. Porque é um tipo de emenda que dificulta a fiscalização. Eu não tenho esse poder de acabar com a existência dessa emenda da noite para o dia”, afirmou o parlamentar em entrevista ao Estado de Minas em 2022.

Em comparação, a capital Belo Horizonte recebeu de todos os demais parlamentares mineiros, cerca de R$ 7,2 milhões em emendas pix ao longo últimos quatro anos.